Ontem fui a uma lição de LusoTropicália pelo louco mestre Tom Zé (ou Zi como os gringos o apresentaram..). Chamar-lhe louco é pouco e soa até a injusto, que a coisa desvaria sempre para o génio. O homem é um novelo de referências, influências e momentos irrepetíveis, que se sucedem no desenrolar de uma existência que deve ter tido tanto de atormentada como de atormentadora, para poucos os que lhe aguentam a pedalada e outros tantos que lhe temem as metedeiras, deste corpo de mendigo, que se cose com todos os farrapos do mundo.
Elé tremendo, com um passo cá outro lá e outro sempre em preparação. Numa rima dá um nó cego na censura de quem não o atura e noutra um golpe alto no escroto do presidenti buuuush. A memória cansada já nem lhe aguenta a pedalada, mas atrás sempre o tal Caetano a dar-lhe a pista do refrão do outro, do Veloso. Repete o feito dos portugueses unindo em sentido inverso os dois lados do Mito e o de 'Gutenberghi', "na cápsula do tempo que os portugueses um dia encheram de coisas boas seleccionadas durante oito séculos por entre cultura dos árabes (que por aqui andaram a apregoar o zero..) e canções provençais, que se juntaram ao ritmo de lá, o Deus desidratado que com a Mandioca e a carne seca são os alimentos do Sertão".
Que noite boa, que não dá para deixar contada. Dá apenas para partilhar esse forte abraço de energia boa, com que este homem planteia cada plateia. Tom Z'é loucura boa!