T., assim mesmo a conheço. Falámos de paixões e amores. Acima de tudo de desamores. Ela dos seus casos suprasónicos e eu dos meus casos crónicos. Desses a quem atormento a existência com a minha demência. Não é que o queira mas n tenho maneira.
Um nó górdio resolve-se com um golpe de lâmina. Talvez seja essa a minha única forma de encarar o que me espera. Cortar com o passado e rumar ao futuro, soltando a amarra que me agarra. Ficaram uns rumores de saídas por aí pairando na minha cabeça que me fazem crer em esperança. Pelo menos para a mudança. É que já nem me forço ou sequer esforço, mas n parti ainda do meu cais. Ainda estou amarrado. Saídas que não sejam desastrosas só mesmo airosas. E desistir já não é verbo que conjugue sem que a vida desista em mim.
Aquela verdade que se revela atrás das palavras, dos olhares, dos gestos, dos afectos, que existe apenas no espaço íntimo onde nos encontramos e perdemos. Eu preciso quero procuro vou viver para isso. E é essa a razão das minhas opções de caminho e de destino. E quero encarar não o meu passado, mas aquela que amei e amo e hei-de amar, porque o amor é um eterno devir. Crónico: sempre mutável, sempre com nova expressão, sempre enfrentando novas crises, etapas e novas paragens. Mas sempre crónico.
Como falava a minha confidente que mereceu toda a minha confiança, há sempre alternativa ao metafísico amor, profundo: o romance morfológico, concreto. É que só ou acompanhado, quero conhecer o mundo. Partilhar um rumo. (Re)Construir uma intimidade que careço e acho que já mereço. E buscar a verdade no mundo. E mostrar a verdade do mundo. E porque não tentar ajudar o mundo. Talvez seja tarde para unir essas duas faces de força existencial numa mesma face. Talvez. Uma coisa é segura: não há-de ser o mundo a fazê-lo por mim..